"Me senti no dever do cumprimento da cidadania", diz médica que desabafou por ajuda em hospital
Na última quarta-feira, Ângela era a única médica do Rocha Faria e gritou por socorro
A equipe da Rede Record voltou ao hospital Rocha Faria,
onde, na última quarta-feira (30), a única médica que fazia o
atendimento na unidade fez uma desabafo emocionante e se tornou símbolo
da luta contra a falência do sistema público de saúde. Um dia após o
desabafo, a doutora Ângela Maria Albuquerque falou com exclusividade ao
programa Domingo Espetacular. Veja o vídeo abaixo.
Carioca de 58 anos e 23 de profissão, a doutora Ângela
sempre trabalhou em hospitais públicos e há três anos está na emergência
do Rocha Faria.
— Numa emergência só chegam pacientes graves. Não é consultório. Não é ambulatório.
Naquela noite, pelo menos três médicos deveriam estar no pronto-socorro. Mas a doutora Ângela estava sozinha.
— Deu entrada um infartado e um suicida. Então, são dois casos bem distintos e você tem que socorrer os dois ao mesmo tempo.
A médica contou que, sem conseguir trabalhar direito, ela precisou dar uma satisfação a quem esperava há horas por um médico.
— Eu me senti no lugar dos pacientes. O sofrimento desse povo marcado pelo descaso. Isso me tocou. Me revoltou.
Segundo Ângela, que ganha R$ 4.100 por mês, os médicos estão fugindo dos hospitais Públicos.
— Não existem médicos, os médicos não querem mais
trabalhar. Pelo salário, pelo o que estão pagando, ninguém quer mais
trabalhar. E muito desgaste. É estresse.
O sindicato dos médicos do Rio de Janeiro concorda com a
médica. De acordo com o presidente, Jorge Darze, o baixo salário tem
sido um fator que tem expulsado os médicos dos hospitais públicos.
— Esse médico da administração pública. somado ao
ambiente de trabalho degradado que esse médico fica exposto a uma
realidade completamente adversa do que nós chamamos do exercício etico
profissional.
A médica informou também que até o momento está
trabalhando normalmente e que por enquanto não foi chamada para dar
explicações à direção do hospital. Para a doutora, o que ela fez não
teve nada de heroísmo, foi apenas sinceridade.
— E não me sinto corajosa, eu acho assim que eu
me sinto mais no dever do cumprimento da cidadania. Não precisa ter
coragem pra exercer a cidadania. Tem que exercer. Não precisa coragem.
A Secretaria Estadual de Saúde não quis se manifestar
sobre as denúncias feitas pela médica, mas a direção do hospital Rocha
Faria, através de uma nota, reconheceu a superlotação da unidade. Na
quarta-feira passada, quando tudo aconteceu, foram feitos 497
atendimentos na emergência. O número é quatro vezes maior do que a
capacidade, que é de 120 atendimentos por dia.
Assista o Video
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por estar aqui.
Paz & Bem!
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.